Entrevista com a cineasta Karen Harley

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Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano.

O filme, indicado ao Oscar de Melhor Documentário deste ano, foi dirigido por Lucy Walker, com co-direção de João Jardim e Karen Harley. Leia a seguir uma entrevista com a brasileira Karen Harley:

Lixo Extraordinário é seu primeiro longa-metragem. Como foi a experiência?
O meu primeiro contato com o projeto Lixo Extraordinário se deu por meio de um convite do João Jardim, diretor que assumiu o filme após a saída de Lucy Walker, para montar o filme. Já que não havia um roteiro, a ideia era estruturar o filme em paralelo às filmagens. Eu assumi a direção quando o João saiu do projeto.


Qual a maior dificuldade que enfrentou e como foi a sua participação?
A minha participação, e o principal desafio, era construir uma linha narrativa em meio a 120 horas de material bruto filmado por 4 diretores; retratar o encontro entre um artista contemporâneo de sucesso e um grupo de pessoas que viviam do lixo, à margem da sociedade, e que nunca tinham tido qualquer contato com arte. A questão que permeava o filme era se a arte poderia mudar a vida dessas pessoas. Mas era preciso sair do estereótipo do herói que salva os necessitados e não ter um tom paternalista ou sensacionalista. Os personagens que encontramos no Jardim Gramacho eram surpreendentes, inteligentes e generosos e se transformaram na alma do filme.


Qual foi o maior aprendizado pessoal que Lixo Extraordinário te proporcionou?
O maior aprendizado que eu tive foi com os personagens/catadores do filme. Descobri que existe um mundo rico de valores, dignidade e humor num lugar onde normalmente só se vê miséria.

Como montadora, você assinou vários filmes premiados. O que a montagem do “Lixo” tem de especial?
O que é especial no filme são os personagens e a maneira como eles são revelados, através do Vik, ao longo do filme.


Quais são seus próximos projetos?
Meus próximos projetos são a montagem dos filmes de Cláudio Assis e de Marcelo Gomes.

Veja aqui o trailer do filme Lixo extraordinário:

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