Filmes retratam a sensibilidade das produções mineiras

*Por Clara Camarano – redacao@daiblog.com.br

Duas produções sensíveis, que falam de encontros, reencontros e das maneiras peculiares de cada um lidar com a vida e seus anseios.  O segundo momento da mostra competitiva do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que começou às 21h30 desta sexta-feira foi permeado por dois comoventes filmes das terrinhas mineiras. Aplausos não faltaram para o curta-metragem Constelações, do diretor mineiro Maurílio Martins, e para o longa-metragem que encerrou a noite com chave de ouro, A Cidade Onde Envelheço, de Marília Rocha.

Foto: Junior Aragão
Uma estrada, um caminho escuro percorrido durante a madrugada por dois estranhos que não falam a mesma língua. No meio desta viagem, um carro de polícia atrapalha o percurso e causa indignação tanto dos personagens, quanto da plateia, que se identifica com os métodos invasivos das blitz. Este é o mote para Constelações, produção de 25 minutos que consegue passar  uma forte mensagem em um simples roteiro.

Constelações
Na condução da trama, estão os atores Renato Novaes e a atriz Stine Krog-Pedersen. De países e idiomas distintos, eles travam um diálogo no meio do “nada”, de uma estrada vazia. Ou melhor, da solidão. Apesar das dificuldades da comunicação verbal, Renato e Stine se identificam pelas frustrações e coincidências de vida.

Constelações
A história vai se desenrolando neste diálogo diferente, porém próximo. Aliás, o mais surpreendente do filme cabe exatamente neste e em outros detalhes. Como o momento em que a personagem de  Stine Krog-Pedersen começa a cantar Ursinho Pimpão, propositalmente em português. A música cantada na mesma língua do parceiro de estrada  traduz a identificação entre ambos.

A Cidade Onde Envelheço
Já na sequência, a diretora mineira Marília Rocha chegou com a história de duas jovens portuguesas que se reencontram na capital Belo Horizonte.  Em 99 minutos, A Cidade Onde Envelheço comoveu a plateia com um enredo leve, simples, poético. A solidão e a saudade da terra natal, traçam uma linha comum entre duas amigas de infância que saíram de Lisboa para tentar a vida na capital mineira.

A Cidade Onde Envelheço

Francisca, de uma personalidade a princípio mais desapegada e contida, já mora há algum tempo em Belo Horizonte. Após anos de separação, de distância entre Brasil e Portugal, Teresa resolve imitar a amiga e parte para o Brasil para morar com ela.   Com uma personalidade totalmente diferente da sua colega, Teresa expande alegria e um jeito próprio de lidar com a cidade, com a vida e com as relações amorosas.

No entanto, mal sabem as pessoas que elas são mais parecidas do que nunca.  Aliás, este é exatamente o ponto que a produção merece aplausos. E de pé. Embora as jovens aparentem ser tão diferentes,  a solidão, a inquietação entre o “ir” e “vir”, “ficar” ou “partir”, a insatisfação seja do lado de cá do Atlântico ou do de lá são linhas em comum não apenas entre estas personagens. Há uma discussão filosófica embutida no filme: o convívio com a liberdade. Liberdade esta tão desejada, mas ao mesmo tempo tão difícil de ser encarada. De fato, mais um aplauso para o delicado olhar de Marília Rocha sobre o universo feminino.

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