Comentários sobre os curtas Tentei, Torre e Baunilha

Após uma longa apresentação da cineasta Laís Melo e sua equipe, o curta-metragem Tentei foi exibido na Mostra Competitiva do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Produção totalmente encabeçada por mulheres, a ficção do Paraná traz a crueza e a dor de um tema atual e que merece ser discutido: a violência contra a mulher. O realismo da câmera na mão é somado com a interpretação arrebatadora de Patricia Saravy, fortíssima candidata ao troféu Candango de melhor atriz este ano. Mesmo com poucos diálogos, ela transmitiu com perfeição todo o sofrimento e constrangimento de quem sofre agressões em casa. Um filme importante e urgente.
Única animação em competição na Mostra Competitiva, Torre tem direção de Nádia Mangolini. Longe de ser infantil, o filme fala de quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira. Os depoimentos e recordações são retratados na telona por meio de diversas técnicas de animação, que procuram ilustrar como foi o complicado período na vida daquela família.

Tendo como base as visões dos entrevistados, que eram muito novos na época, o público pôde se conectar e se emocionar com os relatos. Embora seja um tema recorrente nos festivais, o tema da ditadura ainda se mostra necessário, visto que ainda existem pessoas que parecem não compreender o que significou o regime na vida de inúmeros brasileiros. O último segmento do ótimo curta é extremamente comovente, concluindo o filme da melhor forma possível.
Com um tom bem didático e esclarecedor sobre o BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), o mestre Brenno Furrier é o protagonista do documentário Baunilha, de Leo Tabosa. Produção pernambucana, o curta mostra a casa e a masmorra de Furrier, além de contar detalhes sobre sua vida. As práticas que aparecem na telona podem assustar os desavisados, mas o mais interessante é conhecer as motivações e história do personagem. Mesmo sem revelar o rosto por questões de privacidade, ele entrega seu passado para as câmeras. Isso criou uma surpreendente visão pois, por trás de um algoz que chicoteia e tortura (sempre com consentimento, que fique claro), existe um homem extremamente sentimental.

*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@cine61.com.br

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