Uma conversa com a cineasta Juliana Rojas

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Participando da mostra competitiva do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a cineasta Juliana Rojas exibirá A Passagem do Cometa. Responsável por trabalhos como Trabalhar Cansa, Um Ramo, Sinfonia da Necrópole e outros filmes, a diretora adianta que seu filme não tem elementos sobrenaturais – uma temática recorrente em sua filmografia.

Sobre o que exatamente se trata o filme?
O filme se passa em 1986, inteiramente dentro de uma casa onde funciona uma clínica de aborto. A historia é focada na interação entre quatro mulheres – uma jovem paciente, sua acompanhante, a secretária da clínica e uma médica que fará o procedimento – durante o dia em que se espera ver a passagem do cometa Halley.  

Cena de A Passagem do Cometa

No Brasil praticamente todos os sucessos de bilheteria são comédia. Por que será que os outros gêneros, em especial o terror/suspense, não têm o mesmo alcance?
Não sinto que tenho muita propriedade para opinar no assunto. Minha opinião é intuitiva e de acordo com a minha experiência, que em termos de mercado é limitada. Acho que o Brasil tem uma tradição de dramaturgia de comédias (desde os filmes da Cinédia e das chanchadas, passando por outros meios como televisão e teatro). Além disso – por ser um gênero com maior aceitação – essas produções têm um orçamento grande de comercialização, o que também contribui para um bom retorno de bilheteria. Em oposição a isso, não temos uma tradição tão forte de produção de filmes terror e suspense no Brasil (mas temos grandes realizadores como José Mojica, Ivan Cardoso, dentre outros), e os filmes desse gênero também costumam ter um valor de comercialização menor, o que dificulta atrair novos espectadores. E o gênero em si enfrenta um certo preconceito por parte do público (embora tenha seguidores fiéis). Sinto que iniciativas de formação de público – como o Circuito Spcine, em São Paulo, e a sessão Vitrine Petrobras, que exibem filmes nacionais com ingressos a um preço mais acessível – são muito importantes para estimular as pessoas a conhecer e apreciar filmes brasileiros de diferentes gêneros.  

Quanto o assunto é terror e suspense psicológico, quais são seus cineastas favoritas ou suas obras que você admira e respeita?
Gosto muito da obra de George Romero, Alfred Hitchcock, Jaques Tourneur e Georges Franju. Meus filmes preferidos são Os Pássaros, Os Inocentes e A Noite dos Mortos-vivos (de 1968). Dos filmes atuais, gosto muito de A Bruxa, O Lamento, Corra! e O Babadook. Fico feliz em ver cada vez mais mulheres escrevendo e dirigindo filmes do gênero horror e fantasia.

Fala um pouco sobre o sucesso de As Boas Maneiras. Esse longa tem data de previsão de estreia?
As Boas Maneiras teve sua estreia mundial no Festival de Locarno, na Suíça, e foi muito bem recebido pelo público e crítica. Ganhamos o Leopardo de Prata – Prêmio Especial do Júri, o que foi fantástico e extremamente importante para o futuro do filme. Seguimos carreira em diversos festivais internacionais e, por hora, a previsão de lançamento nos cinemas brasileiros é início de 2018. O filme é uma produção da Dezenove Som e Imagens, com co-produção da Good Fortune Films, Urban Factory e Globo Filmes, e distribuição nacional da Imovision.

*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@cine61.com.br

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