Entrevista com a diretora Bruna Carolli, de Cabeças

Dentro da programação do 2º Festival de Cinema do Paranoá está o curta-metragem Cabeças, dirigido por Bruna Carolli. Nascida em Brasília, a cineasta trabalha com direção e produção de conteúdo audiovisual. Mestra em Comunicação e Especialista em Artes Visuais, a realizadora reúne em seu trabalho propostas de uma realidade fantástica aliada à narrativa cinematográfica. Em Cabeças, Maria é uma pequena princesa que tenta desvendar o segredo para salvar as estrelinhas do céu. Em seu caminho ela encontra seres mágicos escondidos no coração da Floresta, os únicos capazes de ajudá-la em sua missão. Conversamos com a diretora sobre seu filme:
Dirigir crianças exige uma atenção diferenciada porque elas podem parecer como robôs ou adultos em miniatura. Qual foi o desafio de trabalhar com um elenco infantil?
Eu filmo com crianças desde o meu primeiro trabalho (Sonhando Passarinhos) e, para mim, é fundamental que a criança acredite na brincadeira. Ela precisa acreditar na história, precisa acreditar nos lugares que a imaginação dela pode levá-la. Tendo isso, eu e a preparadora de elenco vamos condicionando o texto em relação a ação. Mas a premissa é acreditar. Quando temos isso, a interpretação não fica robô nem adulta, fica dela como se ela participasse de uma brincadeira
Você também assina o roteiro de Cabeças. Quais foram suas referências para criar o universo do filme?
O Labirinto do Fauno, Onde Vivem os Monstros, mitologia grega e africana…

Comente alguns artifícios usados para criar o tom mágico e lúdico que a trama pede.
As cabeças foram um deles. Mas acho que a direção de arte da Nadine Diel constrói isso muito bem. Estar no meio da floresta já torna a situação mágica, então fomos inserindo elementos que ampliassem essa sensação e nos conectassem com o enredo principal. Durante o filme em diversas cenas tínhamos a música que o Passo Largo já havia criado para ouvirmos. Os meninos compuseram uma das músicas antes do filme para eu poder trabalhar e ensaiar com as crianças. Isso é uma carta na manga quando se prepara os pequenos. A música faz com que eles se conectem muito mais forte ao filme. Então usávamos a música no set, deixávamos toda a equipe no clima.
Sua carreira é marcada por trabalhos voltados para o público mais novo. Qual sua relação com as crianças e por que fazer cinema para elas?
De fato, meu interesse sempre foi em filmar para as crianças. Vejo nelas uma sabedoria linda, capaz de compreender as coisas de uma forma mais leve e mais transformadora. É como se, ao fazer filmes para elas, o poder de eco de uma história fosse muito maior e verdadeiro. No geral meus filmes falam de acreditar nos próprios sonhos independentemente das dificuldades. Quando apresento o filme em escolas públicas, fica muito forte dentro delas. Elas acreditam na possibilidade de que as coisas podem dar certo. Essa crença é linda e valiosa. Por isso continuo. Alimentar uma semente de esperança, de otimismo em crianças muitas vezes maltratadas pela vida é uma renovação. Elas são tolhidas desse muito cedo, e o filme mostra que para elas o céu é o único limite para elas serem o quiserem ser.
Serviço
2º Festival de Cinema do Paranoá 
De 23 a 29 de abril (segunda a domingo)
Local: Centro de Desenvolvimento e Cultura do Paranoá  – CEDEP (Q. 9 Conjunto D)
Exibição dos filmes: De 26 a 29 de abril, a partir das 15h. As atividades paralelas acontecem na semana, durante o dia. Confira horário, programação completa e classificação indicativa em: www.grupooitavaarte.com.br

*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@cine61.com.br

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