Cineasta fala sobre a animação Uma Aventura Na Caatinga

Diretor de Uma Aventura Na Caatinga, Laercio Filho conversou com o Cine61 – Cinema Fora do Comum sobre sua animação, que faz parte da Mostra Passarinho do 4º Cine Jardim – Festival Latino-Americano de Cinema de Belo Jardim, em Pernambuco. Na trama, as crianças Ênio e Manoelzinho vivem uma bela aventura no bioma caatinga. Além de cineasta, roteirista e poeta, Laercio também tem uma importante militância cultural em seu estado natal, a Paraíba. Leia a seguir:
Você nasceu e mora na Paraíba. Isso explica o motivo do seu filme ter a temática nordestina?
Além de Nordestino e Paraibano eu sou sertanejo e essa temática está muito presente nas coisas que faço, principalmente nos meus filmes, a exemplo de O Apóstolo do Sertão, Antoninha e agora Uma Aventura na Caatinga.

Como surgiu a ideia da história de Ênio e Manoelzinho?
Essa historia surgiu a partir do poema homônimo que foi feito como constatação da grande beleza e “magia” do bioma caatinga, com o seu enorme poder de recuperação após as primeiras chuvas. Usei os dois personagens pra falar desse bioma ainda desconhecido por parte de alguns brasileiros e dessa cultura do homem sertanejo que tem na amizade um dos seus mais fortes elos.

Qual é o principal desafio na hora de fazer uma animação no Brasil?
São muitos os desafios, a começar pelos orçamentos sempre muito baixos ou quase inexistentes. Depois vem a questão da formação. Na nossa região essa é a primeira animação produzida, isso significa que ainda estamos formando profissionais na área e depois enfrentamos os desafio da aceitação, da busca de janelas pra exibição. No caso do nosso filme Uma Aventura na Caatinga, graças a Deus, estamos conquistando bons espaços. O filme já foi selecionando para mais de 30 festivais no Brasil e no exterior e chegamos a TV Cine Brasil, mas sempre acho que poderíamos ir mais longe e ser mais visto. 
 

O Brasil é tão grande que nem todo mundo o conhece bem. Você acha que seu filme pode apresentar uma parte do país que pode ser desconhecida para muitos brasileiros?
Acredito sim. Tenho recebido e-mails e mensagens de pessoas residentes em outras regiões e que não conhecem a Caatinga, comentando o interesse em saber mais sobre esse bioma e sobre a região sertaneja. Nosso país tem lugares maravilhosos que, muitas vezes, nem as pessoas que moram perto conhecem ou não despertam para as belezas que eles oferecem.

Sua história sempre esteve relacionada com o cinema, com trabalhos na Mostra acauã do Audiovisual Paraibano e do Cine Clube Charles Chaplin. Conte um pouco melhor sobre sua trajetória.
A minha militância cultural começou há exatos 30 anos. Comecei com teatro (por sinal ainda gosto muito de teatro), andei e ainda ando pela poesia, a música como compositor. Em 1998, criamos o Cine Clube Charles Chaplin e passamos a exibir filmes em uma TV de 20 polegadas e um Vídeo Cassete. Em 2004, fui selecionado no programa Revelando os Brasis do Ministério da Cultura e TV Futura. No ano seguinte, fiz meu primeiro documentário intitulado Memória Bendita e de lá pra cá já se vão oito curtas e  oito edições da Mostra Acauã do Audiovisual Paraibano, que foi um evento criado para servir de espaço exibidor da nossa produção e de demais realizadores do Estado da Paraíba. Essa mostra acontece todos os anos na Fazenda Acauã, um sítio histórico, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), datado de 1700 e que fica distante 4 km da sede do município. Faço parte da ONG Acauã Produções Culturais, que completou em dezembro passado, 27 anos de fundação e que congrega todo esse trabalho que desenvolvo junto com vários outros parceiros e companheiros de sonhos e de realizações.




*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@cine61.com.br


O jornalista viajou a convite da organização do Cine Jardim

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