Se existe uma briga maior que a guerra infinita dos Vingadores é a rivalidade entre os fãs dos quadrinhos DC e Marvel. Pois bem, se existia alguma dúvida que os filmes da DC não eram tão bons, isso acabou com Aquaman. O filme é ótimo e supera todas as expectativas, fazendo com que os inúmeros trabalhos de adaptação do diretor Zack Snyder caiam no esquecimento. E o crédito vai para malasiano James Wan, um verdadeiro coringa da indústria cinematográfica que se sai bem em vários gêneros. E com o desafio de comandar um filme de super-herói não foi diferente.
Dos membros da Liga da Justiça, pode-se dizer que Aquaman foi um dos heróis menos destacado. Por isso havia uma grande chance do filme não decolar. Vale ainda lembrar que a capacidade do Aquaman de se comunicar com peixes e seus poderes especiais poderiam parecer um tanto bregas na telona. Mas não é o que acontece. O longa-metragem é grandioso, poderoso e, sobretudo, épico. O roteiro apresenta a história de Arthur desde o início, explicando a origem do herói. Entretanto, a narrativa não segue o óbvio caminho da linearidade – algo tão comum nesses filmes de origem, isto é, que procuram apresentar um novo personagem.
Intercalando flashbacks de forma a fugir do lugar-comum, a história não perde o pique. A trama fala sobre uma iminente guerra entre os povos do mar (descendentes de Atlântida) com os seres humanos que vivem na superfície. Para impedir que tsunamis e uma tragédia maior aconteça, Aquaman deve aceitar seu destino de se tornar o grandioso rei dos mares e impedir que seu irmão conduza uma batalha que causará inúmeras mortes. Diferentemente do que se pode imaginar, o protagonista não é um exemplo de bondade. Não é como um Superman, por exemplo. Ele erra, tem seus defeitos e se aprimora durante toda a projeção, seguindo a famosa jornada do herói.
Aquaman é um ótimo filme de super-herói por vários acertos. James Wan trouxe um frescor para a produção, incluindo momentos assustadores (herança de sua trajetória no universo do terror – com direito a uma participação da boneca Annabelle); o elenco traz premiados nomes, como Nicole Kidman, Patrick Wilson e Willem Dafoe (além dos protagonistas jovens); a ação não deixa nada a dever para filmes de ação (Wan tem experiência no gênero, pois dirigiu Velozes e Furiosos 7) e criou sequências onde a porrada come solta – com destaque para uma perseguição genial na Itália; as personagens femininas são fortes; os efeitos especiais são usados na medida certa, sem parecer tudo um grande video-game. A parte das imagens, por sinal, é uma das principais qualidades. Aquaman é um longa bonito, com cenários, figurinos e cores incríveis. Um grande trabalho que, com o perdão do trocadilho, tem tudo para ser um divisor de águas nos filmes de super-heróis.
*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@cine61.com.br
Veja aqui o trailer do filme Aquaman:
Aquaman (EUA / Austrália, 2018) Dirigido por James Wan. Com Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Nicole Kidman, Patrick Wilson, Dolph Lundgren…