Diretor e elenco falam sobre Meu Nome é Sara

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Na Polônia, Sara teve sua família inteira morta pelos nazistas. Ela foge para a Ucrânia e é acolhida por um casal de fazendeiros. Só que eles possuem um segredo terrível e, para manter o seu próprio disfarce, Sara precisa lidar com toda a tensão da situação. Meu Nome é Sara, em cartaz nos cinemas, passou na 43ª Mostra Internacional de Cinema – São Paulo no ano passado. Na ocasião, Luiz Wolf entrevistou o diretor Steven Oritt e a atriz Zuzanna Sorowy sobre o filme. O material foi publicado originalmente no site do evento em 20 de outubro de 2019.

Steven, você já dirigiu um documentário e está trabalhando em outro. Meu Nome É Sara é uma ficção baseada em fatos reais. Foi por isso que você quis fazer esse projeto? A realidade é algo que te atrai como cineasta?

ORITT – Acho que geralmente sou atraído por histórias que são escritas com alguma realidade, com fatos reais. Eu não diria que quis fazer Meu Nome É Sara só porque é uma história real, mas quando eu escutei sobre a história e assisti a uma entrevista que Sara deu há dez anos, uma entrevista de uma hora, eu fiquei muito impressionado com o que ela contou como verdade.

Zuzanna, você interpreta uma personagem real. Como foi a preparação para o papel?

ZUZANNA – Antes de tudo, a história dela realmente me emocionou. Eu quis muito mostrar a história dela de um modo bem natural, como realmente foi, como ela se sentiu. Isso foi muito desafiador para mim. Mas eu me preparei com minha professora de atuação, discutimos sobre a personagem, sobre os relacionamentos de Sara… isso me ajudou muito. Todos no set também me apoiaram muito.

Vocês filmaram na Polônia. Como foi a experiência no set?

ORITT – Maravilhosa. Nós tivemos uma experiência muito especial, acho que uma família muito especial nasceu ali. Eu era praticamente o único americano na equipe. Às vezes, os produtores ficavam lá por alguns dias, mas geralmente era só eu e o elenco e equipe poloneses. No início, foi um pouco problemático para mim, porque eu não falo polonês, então precisei de um tradutor no set. Depois, aos poucos, eu comecei a entender um pouco.Mas há uma parte no filme em que a mãe de Sara fala para ela que ela precisa sobreviver para continuar levando o legado da família, e que essa seria a última vingança contra os nazistas. Esse é o espírito da sobrevivência de Sara, e todos nos juntamos para contar sobre essa sobrevivência. Acho que isso uniu as pessoas, porque sabíamos que estávamos fazendo algo bem especial ali.

O filme conta a história da sobrevivência e sobre o Holocausto, mas também há muito sobre relacionamentos. É sobre um período histórico, mas os personagens têm muitos outros níveis emocionais. Como foi trabalhar com todas essas nuances?

ORITT – Eu posso responder primeiro, mas a Zuzanna também tem sua própria experiência. Mas, sim, você está correta sobre o filme. O que me atraiu a essa história é que não é sobre o Holocausto, é mais sobre o efeito colateral dele e as relações pessoais que essa jovem precisou construir para sobreviver. No fim, é sobre a relação de Sara e as duas pessoas para quem ela trabalha. E esse triângulo é algo que era central, desde o começo, mesmo antes da escalação de Zuzanna. É um tema bem adulto e complexo, envolve casamento e infidelidade, que são problemas difíceis para um adulto entender, muito menos um adolescente. Zuzanna tinha 15 anos quando a conhecemos. Para mim, era muito importante escolher uma atriz que entendesse a profundidade emocional que os personagens têm. Por mérito de Zuzanna e de seus pais, ela é muito madura para a idade dela. Então, ela entendeu tudo. Em muitos aspectos, ela foi bem mais madura do que eu para entender tudo isso [risos].

ZUZANNA – Acho que você falou tudo. Mas eu adoro o modo que mostramos a história. Porque não foi só a dor física, mas também os relacionamentos que eram estranhos para Sara. Ela não teve tempo para ser adolescente. Ela foi uma criança e imediatamente precisou ser adulta.

Filmes históricos como Meu Nome É Sara costumam exigir mais orçamento, por causa dos figurinos, das locações… foi difícil financiar o filme?

ORITT – Vou deixar Zuzanna responder essa. Brincadeira! [risos] Bem, sim, nós sabíamos que seria difícil, porque queríamos ser muito corretos, historicamente falando. Os figurinos, a locação… mas sair dos Estados Unidos e ir para a Polônia ajudou muito, porque lá as coisas são bem mais baratas. E, obviamente, por causa da história da Polônia e da história do cinema deles, havia uma equipe muito experiente lá, que já tinham feito filmes assim. Então, para eles não foi tão difícil para conceber o projeto. O financiamento aconteceu mais facilmente do que em outros filmes, acho, principalmente por que o filho de Sara, Mickey Shapiro, foi o produtor executivo. Ele cresceu sabendo bem pouco sobre a história da mãe, porque ela escondia muitas coisas, não falava disso com a família. Só nos últimos dez anos, ela começou a falar mais. Assim que Mickey soube de sua história, e das dificuldades que ela passou para sobreviver, ele ficou muito engajado na ideia de fazer o filme e compartilhar a história com o público de vários países.

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