O Poço é uma brutal metáfora sobre a sociedade

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De quarentena em casa? Uma boa dica para quem quer ver um filme provocador é o espanhol O Poço, primeiro longa dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia. Após passar pelo circuito de festivais de cinema, onde levou nove prêmios, o título finalmente entrou para o catálogo da Netflix neste mês. Mas um aviso: é uma obra violenta, perturbadora e capaz de fazer pensar bastante sobre seus próprios hábitos e ideias acerca da sociedade.

Goreng (Ivan Massagué) acorda numa espécie de prisão, onde duas pessoas ficam confinadas em uma sala. No centro, existe um buraco por onde desce uma plataforma repleta de comida. A dinâmica é simples: a plataforma desce, você come rapidamente e ela vai para o andar debaixo na sequência. A grande questão é: as pessoas nos andares superiores recebem um banquete preparado por vários chefs. Já as que estão nos andares inferiores comem o que restou daquela refeição. E a comida vai diminuindo cada vez mais a medida que a plataforma desce.

O roteiro de O Poço traz inúmeros mistérios que servem para atiçar a curiosidade de quem está vendo. A começar pelo fato do protagonista estar lá voluntariamente, como forma de parar de fumar. Portanto não fica exatamente claro que trata-se de uma prisão, uma vez que existem pessoas que estão lá por vontade própria. Mas quem é que inventou as regras? Quantos andares existem? Como é funcionamento do Poço? Nem tudo é explicado e muitas coisas, em aberto, são ótimos motivos para um debate pós-sessão.

É impossível assistir ao filme e não se lembrar de Cubo, que também une ficção científica e terror para falar sobre a violência do comportamento humano numa situação de confinamento. A trama lembra ainda mais o curta Próximo Piso, de Denis Villeneuve (A Chegada, Os Suspeitos). Com muitos momentos de violência gráfica e psicológica, o resultado é um trabalho que incomoda bastante se você traçar um paralelo (bem óbvio, por sinal), com o sistema de classes. Sem dúvidas vale a pena uma conferida!

*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@cine61.com.br

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