Clotilde Chaparro terá obra literária transformada em filme

A violência contra a mulher é um tema tão antigo quanto atual. E haja fôlego para falar do assunto.  Seja pela violência física ou de opressão psicológica (gaslighting), esta temática motiva estudos, indagações e muita indignação. Em pauta, artistas mostram que, infelizmente, este é um assunto de fundamental abordagem para provocar reflexões e estimular o combate a este mal.  A advogada e autora paulistana radicada em Brasília, Clotilde Chaparro, conseguiu explorar o tema e ganhar as telonas após escrever sua primeira grande obra best-seller: Duzinda, de 2002.
O roteiro, que fala de abusos contra mulheres comuns, no seu cotidiano, sairá do livro para o cinema. Para dar vida à história, o diretor Vicentini Gomez (SP) apostou na trama que foca mulheres das décadas de 30 e 40, mas sem deixar desapercebidos os reflexos comportamentais nas mulheres do século 21 e, de certa forma, de todos os séculos.
“É uma trama atemporal. Sofremos pressão e abusos até os dias de hoje. Comentários como ’Você está louca’, ‘ Você é burra’, permeiam o cotidiano de mulheres de antes, de agora e de depois. A ideia desta obra é mostrar que não, não somos, não somos nada disto! Quero abrir um espaço para conscientização”, frisa Clotilde. Para isto, Duzinda promete mexer e remexer em traumas expostos.
A trama é um romance de ficção, que se passa nas décadas de 1930 e 1940, em um bairro de classe média de São Paulo (SP). O esqueleto da história, real, se mescla com o fictício. Clotilde Chaparro baseou-se em casos que escutou durante toda a sua vida. Ou seja, mais de 70 anos de vivência e maturidade. O resultado: a história aborda pequenos maus-tratos e abusos que a mulher comum sofre diariamente e constantemente e, por isto, é obrigada a lidar com uma autoestima retraída, além da perda da dignidade.

“É um drama que aborda o cotidiano da mulher na sociedade brasileira dos anos 30 do século 20, no interior do Brasil, vivida pelos olhos, corpo e espírito de Duzinda, uma jovem mulher que sonhava com o príncipe encantado chegando no cavalo alado, tal qual via nas telas do cinema da pequena cidade onde morava no interior de São Paulo”, destaca a autora, Clotilde.
E é esta Duzinda idealizadora que era obrigada a lidar, diariamente, com os serviços domésticos e a atender no balcão do armazém de seu pai, o português Manoel. Tudo muda quando, certo dia, ela recebe um chamado para fugir com Ernesto, um frequentador do armazém pela qual mantinha certa admiração e paixão. É aí que o choque de realidade é imposto. A vida idealizada é contrastada com uma vida de submissão, abusos, desprezo, abandono, infortúnios, exploração, humilhação e violência.
Mas a história não para por aí. Depois de dois filhos e uma tuberculose, a protagonista consegue uma vaga no sanatório de Campos do Jordão. Dada como morta pela família, no entanto, ela renasce como uma Fênix para viver uma vida de conquistas e prestígios. Duzinda alia-se a Lucinda da Conceição e se transforma em uma influente líder do movimento sufragista, alicerçando as conquistas da mulher independente que vive hoje no século 21.
Uma bela história de reviravoltas vivida por Maria Eduarda Machado, como Duzinda, Antônio Petrin, como Manoel, Rodrigo Dorado, como Ernesto, e Carlo Briani, como Armando. A obra literária Duzinda vendeu mais de 30 mil exemplares e foi traduzida para o inglês e espanhol. Outro livro de Clotilde, Pesadelos e Sonhos, já teve 40 mil exemplares comercializados. A autora lançará agora, em Brasília, no dia 21 de agosto, As Gêmeas do Luxo ao Lixo. O lançamento será no salão da Igreja Nossa Senhora do Lago (SHIN QI 3 – Lago Norte), das 16h30 às 20h30.
Produtor, roteirista, diretor, ator, mímico e professor de cinema e teatro, Vicentini Gomez já dirigiu produções como Paúra (2001), Metasificando (2004), Visões (2011), Terra dos Taperas (2012), Justiça! Uma História (2014), dentre outras.
*Por Clara Camarano – contato@cine61.com.br

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